Kadafi gostava mais de peixe, um amigo pescador, Hemingwai, tinha por hábito deixar um pequeno saco de peixe para o felino pendurado no velho limoeiro que ficava junto ao portão, por razões várias nunca pendurara o saco na nespereira de troncos lisos e odores doces.
Não havia maior tortura para o gato que não convivia bem com a árvore de labirintos intrincados, já tentara por diversas vezes trepar mas os resultados tinham sido humilhantes, rasvaga-se, caía, ora por meio de equações várias baseadas em tentativas e erros, chegara à conclusão que devia ficar de focinho no ar, a salivar e a dar razão a Pavlov, até que Ana meio ensonada vinha pôr fim ao sofrimento do bichano, nesses instantes Kadafi enroscava-se nas suas pernas, subia para a bancada da cozinha, miava e por fim comia carapaus, sardinhas, peixe-lua...peixe-lua adorava peixe-lua.
Sonhava com o dia em que num enorme saco transparente Hemingwai deixasse pendurado na nespereira um enorme peixe-lua para ele partilhar com uma comunidade de gatos sem abrigo seus amigos, Kadafi sabia muito bem como se faziam amigos para a vida, aquele pescador também devia saber, essa era parte do problema.