Amigos
Fevereiro 13, 2013
Isabel Afonso
Apareceste de novo, há um ano que não nos víamos, da última vez achei-te nervoso, tenso, o resultado de excesso de gente,reclamavas por uns tempos de isolamento, sobreviveram os caracóis ruivos a tez com sardas e esse jeitinho de quem quer cuidar de todos, a nossa dança é lenta, sabes muito bem tirar partido do tempo, assim,podemos contemplarmos dos mais diversos ângulos, claro que não resisto a um convite para passar uma madrugada junto a uma lareira a contar histórias, vinho tinto, umas mantinhas como só tu tens, gozo sempre um pouco com os padrões de um quadriculado muito regular, a infância, as nossas histórias, tão diferentes, eu em África e tu em Inglaterra.
Entretanto a tua irmã foi internada, não foi preciso andar em bicos de pés, a menos que saísse do hospício, não poderia descer as escadas e espetar-nos uma faca nas costas.
Saí pela manhã, o portão da entrada está cheio de ferrugem, devias arranjá-lo, deixei-o aberto porque o barulho das dobradiças podia acordar-te.